Fica a saber quais os fatores de risco associados a cada
uma destas áreas consultando as secções que se seguem.
As cirurgias sem riscos são um mito e o doente e os seus familiares têm o direito de conhecer todos os riscos que envolvem a realização de uma cirurgia, devendo estar informados e esclarecidos sobre todos os riscos, alternativas e benefícios antes da assinatura do Consentimento Informado, Esclarecido e Livre.
Antes de um doente ser operado os profissionais realizam vários procedimentos de verificação de segurança com o objetivo de garantir uma cirurgia segura. Quando o doente vai para o bloco operatório os profissionais utilizam uma checklist de verificação de segurança cirúrgica recomendada pela Organização Mundial de Saúde e que é de utilização obrigatória em todas as instituições de saúde em Portugal.
No entanto, um doente informado e atento aos procedimentos que precedem uma cirurgia é um fator determinante para o resultado final não só porque a preparação correta para a cirurgia depende da exatidão com que são compreendidas e seguidas as instruções que lhe são dadas mas também porque a segurança a 100% não existe.
Assim, o doente que vai ser submetido a uma cirurgia e principalmente os seus familiares podem contribuir para aumentar a sua segurança na cirurgia e no período pós-operatório se intervierem ativamente e utilizarem as orientações destas checklists.
Até para os procedimentos cirúrgicos mais simples são necessárias dezenas de etapas em que podem ocorrer erros como:
• Identificação errada do doente;
• Cirurgia errada;
• Local/órgão errado;
• Falhas na esterilização dos materiais e dos equipamentos;
• Compressas ou material cirúrgico retidos dentro do corpo do doente, entre outros.
No meio hospitalar, ou nas instituições em que o doente está internado e deverá ser monitorizado vinte e quatro horas por dia, a efetiva articulação entre os vários profissionais de saúde está muito dependente da comunicação.
“A efetiva articulação entre os vários profissionais de saúde está muito
dependente da comunicação.”
A comunicação eficaz entre os profissionais de saúde é um desafio devido a uma série de dinâmicas inter-relacionados:
• O envolvimento de profissionais de mais de 50 especialidades na prestação de cuidados em diferentes momentos do dia, muitas vezes dispersos por vários locais e com oportunidades limitadas de interação;
• O facto dos profissionais muitas vezes priorizarem o seu próprio ponto de vista especializado sobre os cuidados de que o doente precisa, preferindo uma atuação independente e não em equipa;
• A existência de uma estrutura organizacional hierárquica rígida com elevado distanciamento entre os médicos e os restantes profissionais de saúde que resulta numa inibição na comunicação;
• As diferenças de educação e formação entre profissionais que resultam em diferentes estilos de comunicação e aumentam a ineficiência das comunicações.
O doente e os seus familiares como membros da equipa de saúde devem estar atentos a esta realidade e contribuir para uma comunicação eficiente dentro da equipa. Utilize as orientações desta checklist para comunicar de forma estruturada e clara.
Os principais problemas que contribuem para os erros na identificação do doente são:
• Doentes com nomes iguais ou semelhantes;
• Ausência ou duplicação de informações;
• Troca de dígitos no número do processo clínico;
• Uso de etiquetas e/ou pulseiras com identificação errada;
• Uso de etiquetas e/ou pulseiras com dados incorretos, incompletos ou ilegíveis.
A obtenção dos dados de identificação é o primeiro passo para a admissão de um doente em qualquer hospital ou outra unidade de cuidados de saúde.
A correta identificação do doente em todos os momentos é absolutamente fundamental para prevenir erros nos cuidados de saúde que lhe são prestados, como por exemplo, administração de medicamentos, transfusões de sangue, realização de exames ou realização de procedimentos cirúrgicos.
Apesar das medidas de segurança utilizadas pelos profissionais, é difícil eliminar totalmente o risco de erros na identificação do doente. Por incrível que pareça, há pessoas com nomes iguais ou muito parecidos com o nosso, que podem estar no mesmo local, no mesmo dia e à mesma hora.
Por isso, o envolvimento do doente e dos seus familiares na confirmação da sua identificação é fundamental para garantir que os cuidados que lhe estão a ser prestados são os que efetivamente deve receber.
Utilize as orientações desta checklist e garanta a sua correta identificação sempre que recebe cuidados de saúde.
A grande maioria dos doentes apresenta sinais de degradação do seu estado de saúde até 8h antes de surgir o problema que pode colocar em risco a sua vida, como por exemplo uma paragem cardiorespiratória.
Assim, a deteção precoce destes sinais permitirá uma atuação rápida da equipa de saúde evitando que um agravamento do estado de saúde do doente surja horas mais tarde.
“A maioria dos doentes apresenta sinais de degradação do seu estado de saúde até 8h antes de surgir o problema que pode colocar em risco a sua vida.”
As escalas de avaliação de risco baseiam-se em medidas objetivas, como as alterações dos sinais vitais do doente (ex: alterações da tensão arterial, da temperatura corporal, frequência da respiração e pulsação).
No entanto, a preocupação da equipa e dos familiares, apesar de ser um parâmetro subjetivo deve ser tão valorizado como os anteriores.
Porquê? Porque estes ao estarem mais próximos do doente conseguem observar mudanças no padrão de comportamento do doente com eventual significado clínico e que, podem ser tão importantes, como por exemplo, o aumento da frequência respiratória.
Assim, os familiares do doente internado podem contribuir para a deteção atempada da degradação do seu estado de saúde se intervierem ativamente e utilizarem as orientações desta checklist.
Existem escalas para a avaliação do risco e de deteção precoce da degradação do estado de saúde do doente que se baseiam em vários sinais de alerta:
• Respiração: alterações na forma de respirar (respiração mais rápida, muito lenta ou irregular); baixa do nível de oxigénio no sangue;
• Cardiovascular: alterações na tensão arterial, batimentos cardíacos, dor no tórax;
• Neurológico: alterações de nível de consciência (sonolência intensa ou agitação, convulsões);
• Outros: hemorragia importante, diminuição da quantidade de urina;
• Preocupação manifestada pela equipa e pelos familiares relativamente ao estado de saúde do doente.
Os principais fatores de risco que contribuem para a não deteção atempada da degradação do estado de saúde do doente são:
• A excessiva agitação do ambiente hospitalar;
• A elevada rotatividade dos profissionais de saúde que funcionam por turnos e não acompanham o doente 24h.
O envolvimento ativo do doente e familiares é atualmente reconhecido como um fator fundamental no correto e atempado estabelecimento do diagnóstico.
Utilize as orientações desta checklist e das seguintes listas de apoio e contribua para um diagnóstico correto e atempado.
Os principais fatores de risco que comprometem um diagnóstico correto e atempado estão relacionados com:
Os doentes e os seus familiares:
• Sentirem-se inibidos de se queixarem por terem medo de serem considerados “difíceis”;
• Sentirem-se vulneráveis devido à fragilidade física e ao medo provocado pela doença;
• Não perceberam a gravidade dos seus próprios problemas;
• Terem barreiras linguísticas ou de literacia.
Os sistemas de saúde:
• Falhas de coordenação;
• Falhas de comunicação entre profissionais;
• Falhas na transmissão de informações ao doente;
• Falhas na entrega dos resultados dos exames pedidos.
Os profissionais de saúde:
• Não darem a devida importância às queixas do doente ou ao seu contributo;
• Considerarem que o doente não quer ter um papel participativo no seu próprio cuidado.
As infeções hospitalares são bastante comuns porque nos hospitais existem microrganismos habitualmente mais resistentes e as defesas dos doentes estão mais debilitadas.
“A higiene das mãos é a medida mais simples e com maior sucesso na redução das IACS.”
É reconhecido universalmente que a higiene das mãos é a medida mais simples e com maior sucesso na redução das IACS.
A primeira campanha global anual da Organização Mundial de Saúde na área da Segurança do Doente “ Save Lives: Clean your Hands” criada em 2005 tem sido relançada todos os anos continuando a ser uma prioridade.
Lembre-se as IACS são evitáveis e todos os profissionais, familiares e doentes têm responsabilidade na sua prevenção.
Utilize as orientações desta checklist e faça a sua parte.
Um doente internado está mais suscetível a infeções se:
• Tiver sido submetido a uma cirurgia (o mais pequeno corte é sempre uma porta aberta para a infeção);
• Se estiver exposto a bactérias multirresistentes;
• Se forem utilizados dispositivos invasivos como uma algália, cateteres intravenosos ou dispositivos para ventilação mecânica;
• Se tiver mais de 65 anos.
Os erros de medicação podem causar lesões severas ou mesmo conduzir à morte do doente, sendo importante que conheça os principais riscos que contribuem para este tipo de erros.
• Identificação incorreta do doente;
• Não reconciliação dos medicamentos que o doente toma habitualmente ou que tomouno ambulatório com os medicamentos prescritos no hospital;
• Troca de medicamentos com nomes confundíveis (ex: Haloperidol e Alopurinol);
• Prescrições manuais ilegíveis;
• Desconhecimento das alergias do doente;
• Utilização da via de administração errada;
• Toma de medicamentos na hora errada ou na dose errada;
• Toma de medicamentos incompatíveis com outros medicamentos ou alimentos.
“Os erros de medicação podem causar lesões severas ou mesmo conduzir à morte do doente.”
Por isso antes de um doente tomar os medicamentos prescritos são aplicados pelos profissionais, vários mecanismos de segurança, com o objetivo de garantir o uso seguro dos medicamentos.
Por exemplo, antes da administração de medicamentos, é uma boa prática a aplicação dos Cinco Certos:
• Doente Certo;
• Medicamento Certo;
• Dose Certa;
• Via Certa;
• Hora Certa.
No entanto, a segurança a 100% não existe, pelo que uma confirmação final por parte do doente ou dos seus familiares não é excessiva e pode ajudar a prevenir erros.
Utilize as orientações desta checklist e a lista de apoio que se segue e ajude a aumentar a sua segurança no uso dos medicamentos.
As quedas podem acontecer a qualquer pessoa principalmente quando se encontra num ambiente
não familiar.
“O doente ou os seus familiares podem contribuir para a prevenção das quedas.”
Os principais fatores de risco são:
• Ter idade igual ou superior a 65 anos;
• Ter sido submetido a uma cirurgia;
• Ter problemas de visão ou audição;
• Tomar vários medicamentos (especialmente medicamentos para dormir, para a ansiedade ou depressão);
• Ter diabetes;
• Ter uma urgência urinária (vontade súbita de urinar);
• Estar muito tempo imobilizado (na cama);
• Ter tido uma trombose (AVC), com consequente diminuição da mobilidade;
• Ter problemas cardíacos, de circulação, de pressão arterial ou doenças de sangue;
• Ter a Doença de Parkinson;
• Ter dores nos pés ou os pés inchados ou deformados.
Num hospital, o risco de queda é ainda mais elevado porque muitos doentes sentem-se cansados, fracos e podem estar mais sonolentos por causa da medicação.
As quedas podem originar lesões graves e contribuir para a diminuição da qualidade de vida ou até mesmo conduzir à morte.
Os profissionais de saúde utilizam escalas para a avaliação do risco de queda e aplicam medidas para prevenir as quedas dos doentes, como por exemplo:
• Monitorização dos efeitos secundários da medicação que possam potenciar quedas;
• Manutenção do chão seco e livre de obstáculos;
• Elevação das grades das camas ou macas e utilização de cintos de segurança nas cadeiras de rodas;
• Utilização de travões nos equipamentos com rodas;
• Disponibilização de equipamentos de apoio na marcha (por exemplo, canadianas ou andarilhos).
O doente ou os seus familiares podem contribuir para a prevenção das quedas se utilizarem as orientações desta checklist.
Geralmente as transfusões de sangue são seguras até porque na maioria dos hospitais são utilizados sistemas electrónicos para aumentar a segurança do doente durante o circuito transfusional.
Contudo, uma pessoa sujeita a uma transfusão de sangue pode ter sempre complicações inevitáveis como uma reação alérgica ou o aparecimento de febre.
No entanto as complicações mais graves, na maioria dos casos, ocorram na sequência de erros humanos.
“Geralmente as transfusões de sangue são seguras(…) contudo, uma pessoa sujeita a uma transfusão de sangue pode ter sempre complicações inevitáveis”
O circuito transfusional, que é o processo que vai da colheita de sangue do dador à administração do sangue ao doente, é muito complexo e com intervenção de muitos profissionais, podendo ocorrer diversos erros:
• Identificação incorreta do doente;
• Incumprimento da dupla verificação final da identificação do doente e da unidade de sangue junto do doente antes da administração de sangue;
• Falta de vigilância do doente durante a transfusão;
• Identificação incorreta de amostras de sangue ou unidades de sangue;
• Erros na colheita de amostras e rotulagem;
• Erros nos testes de laboratório;
• Erros na transcrição de resultados;
• Armazenamento inadequado do sangue;
Assim, o doente ou os seus familiares podem contribuir para aumentar a segurança na transfusão de sangue se utilizarem as orientações desta checklist.
As úlceras de pressão, também conhecidas por escaras, são feridas que aparecem na pele, especialmente em zonas onde os ossos são mais proeminentes, onde a pele apresenta mais humidade ou em zonas onde existem pregas na pele.
As úlceras de pressão podem desenvolver-se em apenas algumas horas e podem levar meses ou até anos para cicatrizarem; por isso, são mais fáceis de prevenir do que de tratar.
Além disso, são uma porta aberta para as infeções, causam sofrimento no doente e diminuição da qualidade de vida, podendo inclusive causar a morte.
As úlceras de pressão ocorrem especialmente em doentes acamados ou sentados por longas horas na mesma posição, sem possibilidade de se moverem.
“As úlceras de pressão podem desenvolver-se em apenas algumas horas e podem levar meses ou até anos para cicatrizarem; por isso, são mais fáceis de prevenir do que de tratar.”
Os profissionais de saúde utilizam uma escala (denominada escala de Banden) para avaliar o risco de aparecimento de úlceras de pressão no doente.
Com base nesta escala, aplicam vários mecanismos para a prevenção das úlceras de pressão, como por exemplo:
• Mudança frequente da posição do doente (especialmente se estiver acamado);
• Vigilância da pele;
• Massagem da pele nas zonas de maior risco;
• Manutenção de uma boa higiene da pele;
• Manutenção de uma alimentação equilibrada e hidratação.
• Pressão constante sobre uma determinada zona do corpo;
• Fricção da pele durante as mobilizações ou transferências;
• Humidade devido ao suor ou a fraldas húmidas/molhadas;
• Sensibilidade reduzida;
• Estados de subnutrição que tornam as proeminências ósseas mais evidentes;
• Trombose (AVC);
• Quimioterapia;
• Aumento de peso;
• Desidratação;
• Problemas com a circulação sanguínea;
• Idade igual ou superior a 65 anos.
No entanto, a segurança a 100% não existe, pelo que o envolvimento dos familiares e do próprio doente pode fazer a diferença.
Utilize as orientações desta checklist e evite o aparecimento de úlceras de pressão.
Quando um doente necessita de cuidados de saúde a nível hospitalar tem acesso a uma equipa de profissionais com diferentes responsabilidades e funções.
Esta checklist indica quais os profissionais e entidades que podem apoiar os doentes e os seus familiares quando estes identificam alguma necessidade, têm alguma questão que os preocupa ou quando o processo de tratamento ou os resultados não são os esperados.
Utilize as orientações desta checklist e saiba como integrar a equipa de saúde responsável.
Utilize um DIÁRIO DE SAÚDE para registar a evolução da sua situação de saúde ou do seu familiar, as questões e preocupações colocadas, inclua datas, horas e os nomes dos profissionais de saúde que estão a cuidar de si ou do seu familiar.